Resumo do livro Outliers (Fora de série) - de Malcolm Gladwell
- Eduardo Mucaji
- 28 de fev. de 2021
- 10 min de leitura
Atualizado: 9 de jul. de 2021

Sobre o Livro
Outliers é escrito por Malcolm Gladwell em 2008 e nele o autor apresenta uma abordagem fascinante sobre o sucesso, enfocado em trajectórias de pessoas que apresentaram um desempenho extraordinário em certas áreas e épocas distintas, o livro mostra que o êxito não é fruto apenas do mérito individual.
Na versão traduzida para o português, fora de série, o editor começa por esclarecer que não temos no nosso idioma uma palavra que corresponda exatamente ao vocábulo original. O Expressão mais próxima de Outliers na língua Portuguesa é Fora de série.
Sobre o autor
Malcolm Gladwell é jornalista e colunista da revista The New Yorker e é também autor dos livros O Ponto de virada, Davi e Golias e Blink, todos Best Sellers do New York Times.
Neste livro o autor apresenta histórias de grandes personalidades e procura mostrar que existe uma lógica muito fascinante e complexa por detrás de grandes exemplos de sucesso. Ao longo do livro nota-se que o autor procura fundamentar profundamente com exemplos práticos e reais, as ideias que trás no livro.
Para quem é indicado o livro?
Após ter lido este livro, percebi que ele é indicado a todo aquele que tem interesse em compreender que fatores realmente influenciam o sucesso. Compreender que o êxito depende, em grande parte, de quando e onde nascemos, da profissão dos nossos pais, das circunstâncias em que crescemos e das tradições e atitudes que herdamos dos nossos ancestrais.
Principais ideias do livro
O sucesso resulta do acumulo constantes de vantagens e, em grande parte depende de quando e onde nascemos, da profissão dos nossos pais e do tipo de criação que recebemos.
Ninguém surge do nada. Devemos sempre alguma coisa à família, a protetores e a legados culturais.
Para se alcançar um nível de excelência em qualquer atividade são necessárias nada menos do que 10 mil horas de prática.
Legados culturais explicam questões interessantes, como o domínio que os asiáticos têm da matemática.
Autonomia, complexidade e a relação entre esforço e recompensa, são as qualidades que o trabalho precisa ter para ser significativo.
Saber o QI de um rapaz pouco importa, quando se está diante de uma grande quantidade de rapazes inteligentes.
Visão geral do livro
Sobre Oportunidade e Vantagens
Sempre que se fala sobre as pessoas bem-sucedidas, queremos saber como elas são, seu tipo de personalidade, nível de inteligência, estilo de vida e talentos especiais inatos. E presumimos que são estas as qualidades que explicam seu sucesso.
Em Outliers, Malcolm Gladwell apresenta a sua tese de que há algo errado na forma como entendemos o sucesso, defende que ninguém vem do nada, que devemos alguma coisa à família e a protetores, que as pessoas mais bem-sucedidas são invariavelmente os beneficiários de vantagens ocultas, oportunidades extraordinárias e legados culturais que lhes permitiram aprender, trabalhar duro e entender o mundo de uma forma que que os outros não conseguem. O lugar e a época em que crescemos faz a diferença. A cultura a que pertencemos e os legados transmitidos por nossos ancestrais moldam os padrões das nossas realizações.
Ao longo do livro o livro o autor apresenta diversos indivíduos denominados Outliers, que fazem coisas fora do comum, desde gênios, empresários poderosos, astros do Rock e personalidades mais conhecidas como Bill Gates, Steve Jobs, Mozart e os Beatles.
Uma das abordagens iniciais começa ilustrando o que têm em comum os mais bem-sucedidos jogadores de Hóquei no Canadá. Analisando as datas de nascimento percebe-se que os melhores jogadores nasceram entre Janeiro e Junho de cada ano. A explicação para este facto é o sistema de seleção usado pelos treinadores, que selecionam para os times de primeira linha rapazes na faixa dos 9 a 10 anos.
Essa desfasagem de alguns meses tem grande influência, pois, tendem a ser considerados mais talentosos os rapazes maiores e com melhor nível de coordenação. Estes recebem um treinamento de maior qualidade, disputam mais jogos por temporada e praticam 3 vezes mais do que o normal. O que começa apenas como o facto de serem um pouco maiores, acaba por se tornar numa cadeia de outros benefícios.
Sobre Talento e Prática constante
Ao longo do tempo tem existido um grande debate que até aos dias de hoje parece não estar resolvido: o talento inato existe? Malcolm acredita que sim, a exemplo disso, nem todo o jogador de Hóquei nascido em Janeiro chega a atuar no nível profissional, os que têm talento o fazem. O sucesso é a combinação de talento e preparação. Isso nos leva a outra questão, será que é maior o papel desempenhado pelo talento? Qual é a importância da preparação.
O autor apresenta o seguinte estudo. No início dos anos 90 dois psicólogos realizaram um estudo denominado Exhibit A, na Academia de Música de Berlim, formando três grupos de violinistas. No primeiro ficaram os que tinham potencial de estrelas, no segundo os meramente bons e no terceiro os menos bons. Todos eles tiveram de responder a uma questão: ao longo de sua carreira quantas horas você praticou? Todos violinistas haviam começado mais ou menos na mesma época, aos 5 anos de idade e passaram por um treinamento idêntico até aos 20 anos. Quando analisados os resultados, os do primeiro grupo haviam totalizado cerca de 10 mil horas de práticas, os do segundo grupo 8 mil e os do terceiro pouco mais de 4. Os pesquisadores identificaram um padrão idêntico quando compararam pianistas amadores com pianistas profissionais. Os amadores nunca praticavam mais de 3 horas por semana, aos 20 anos tinham pouco mais de 2 mil horas de prática, ao passo que os profissionais foram aumentando o tempo de prática que aos 20 anos haviam chegado também as 10 mil horas.
A ideia de que a excelência em uma tarefa complexa requer um nível de prática mínimo está ressurgindo em estudos como o Exhibit A. Os pesquisadores chegaram ao que parece ser o número mágico para a verdadeira excelência: 10 mil horas. Essas pesquisas indicaram que são necessárias 10 mil horas de prática para se atingir o grau de excelência em qualquer actividade. Parece que o cérebro precisa desse tempo para assimilar tudo o que é necessário para atingir a verdadeira destreza.
Este número apresenta algum sentido quando olhamos a trajectória de pessoas que atingiram grandes feitos como Mozart, Bill Gates e os Beatles. Tal como argumenta o crítico musical Harold Schonberg, Mozart só produziu as suas maiores obras depois de mais de 20 anos de prática. Cerca de 10 mil horas.
Os Beatles, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, chegaram ao Estados Unidos em 1964, dando início à chamada “invasão Britânica” no cenário musical americano, com uma série de discos de sucesso que transformaram o perfil musical da música popular. O facto interessante sobre os Beatles é saber há quanto tempo eles já estavam juntos na época. Lennon e McCartney começaram a tocar em 1957, 7 anos antes de chegarem aos Estados Unidos. Em 1960 quando ainda era uma banda de Rock do ensino fundamental, os Beatles foram convidados para tocar em Hamburgo, na Alemanha. A fórmula era a seguinte: um espectáculo ininterrupto ao longo de horas, com um monte de pessoas entrando e saindo e a banda tocando sem parar afim de atrair as pessoas que passavam.
Vejamos o que Lennon disse numa entrevista após a separação dos Beatles, sobre as apresentações em Hamburgo:
Melhoramos e ficamos mais confiantes. Isso foi inevitável com aquela experiência de tocar durante toda a noite. Ter uma plateia estrangeira também ajudou. Precisávamos nos esforçar ao máximo, colocar nosso coração e nossa alma naquilo para chegar ao fim. Em Liverpool só fazíamos sessões de uma 1 hora e costumávamos apresentar nossas melhores canções, sempre as mesmas em cada show. Em Hamburgo como tocávamos durante oito horas, 7 dias por semana, precisávamos realmente descobrir uma forma nova de fazer aquilo.
Vejamos agora a história de Bill Gates. Um jovem prodígio da matemática descobre a programação de computadores. Sai da Universidade de Harvard e com amigos cria uma empresa de informática chamada Microsoft. Com uma combinação de talento, ambição e coragem ele a transforma numa gigante do mundo do software. Esse é o quadro geral, mas há muito mais.
O pai de Bill Gates era um prospero advogado de Seattle e mãe, filha de um rico banqueiro. Bill foi um menino precoce que se entediava facilmente com os estudos. Por isso seus pais o tiraram da escola pública e enviaram-no para Lakeside, uma escola particular frequentada por crianças da elite. No seu segundo ano ali, foi criado um clube de informática, a Lakeside instalou um equipamento chamado ASR-33 Teletype – um terminal de tempo compartilhado ligado a um mainframe no centro de Seattle. Bill Gates teve acesso a programação em tempo real em 1968. Daquele momento em diante Bill passou a viver numa sala de computador. Ele e muitos outros colegas começaram a aprender a usar aquele novo e estranho mecanismo.
Algum tempo depois Bill e seus amigos passaram a utilizar o centro de computação da universidade de Washington. Logo descobriram uma empresa a Information Science Inc ISI, que concordou em oferecer tempo de computação grátis em troca do trabalho dos rapazes no desenvolvimento de um software de automatização de folha de pagamentos. Num período de 7 meses em 1971, Bill e seus colegas acumularam 1575 horas de computador no mainframe da ISI.
Aqueles anos, da oitava série até ao final do ensino médio, representaram a Hamburgo de Bill Gates, ele foi agraciado com uma série de oportunidades extraordinárias (o autor apresenta muitos outros momentos em que Bill teve com computadores, neste resumo apenas trago os mais relevantes). Quando deixou Harvard após o segundo ano para criar sua própria empresa, Bill Gates vinha programando sem parar por 7 anos consecutivos. Ele havia ultrapassado bastante as 10 mil horas.
Ainda sobre esta abordagem das 10 mil horas, o autor apresenta duas outras histórias do mundo dos computadores, Steve Jobs e Bill Joe, mas estas eu deixo para vocês lerem da fonte. Mais adiante o autor também mostra como a época em que nasceram foi um factor diferencial para o sucesso alcançado por Bill Gates, Bill Joe e Steve Jobs, mais uma vez deixo para vocês.
Sobre Legados culturais
Uma das grandes reflexões deste livro é se as tradições e atitudes que herdamos dos nossos ancestrais podem desempenhar um papel importante para atingirmos o sucesso. É possível aprendermos algo sobre o motivo do sucesso das pessoas e como melhorar nosso desempenho levando em conta os legados culturais. Para esta reflexão o autor apresenta a Teoria Étnica dos Acidentes de Aviação e também a Cultura dos Arrozais e o Domínio dos Asiáticos sobre a matemática.
Entre 1988 e 1998 a Korean Air tinha uma taxa de perda de aviões de 4,79 por um milhão de voos. Os acidentes com aviões da Korean Air eram muito frequentes. Mas a Korean Air deu a volta por cima e tornou-se respeitada e integrante da prestigiosa Sky Team Alliance.
Diversos estudos comprovaram que o número de acidentes aéreos é mais alto nos países onde as pessoas se encontram muito distantes do poder, países com alto IDP – Índice de distância ao Poder, como é o exemplo da Coreia do Sul, são caracterizados com problemas como funcionários com medo de dizer que discordam de seus superiores. Os pilotos Coreanos eram facilmente intimidados por controladores de voos de países com baixo IDP, como os Estados Unidos. Outro factor identificado pelos estudos eram aspectos linguísticos, sobretudo expressões que de certa forma minimizam o grau de gravidade quando se reporta um problema técnico.
As heranças culturais importam, são poderosas e se difundem e persistem bem depois da sua utilidade original passar. Cada um de nós possui sua personalidade característica, mas a ela se sobrepõem as tendências, pressupostos e reflexos transmitidos pela história da comunidade onde crescemos.
Os Coreanos perceberam que a sua tradição era inadequada ao mundo da aviação, foram honestos sobre suas origens e estavam dispostos a confrontar as desvantagens da sua tradição. Os Coreanos reduziram a sua taxa de perda de aviões baixando o seu IDP e adotando o Inglês como a linguagem da aviação.
Agora vamos entender porque os asiáticos têm maior domínio da matemática com um exercício do livro.
Observe a seguinte lista de número: 4, 8, 5, 3, 9, 7, 6. Leia-a em voz alta. Agora não olhe para a lista e passe 20 segundos memorizando a sequência antes de dizê-la em voz alta de novo. Para nós que falamos uma língua ocidental, temos cerca de 50% de chance de nos lembrar da sequência perfeitamente. No entanto, para um Chinês é quase garantido que a acertará todas as vezes que tentar. Por quê? Porque, como seres humanos armazenamos dígitos num ciclo de memória que dura cerca de dois segundos. Memorizamos com facilidade o que conseguimos dizer ou ler nesse intervalo. E quem fala chinês acerta a lista de números – 4, 8, 5, 3, 9, 7, 6 - porque sua língua permite enquadrar todos os 7 algarismos em dois segundos.
As palavras chinesas que designam os números são extraordinariamente pequenas. A maioria delas pode ser pronunciada em menos de um quarto de segundo (por exemplo 4 é si e 7 é qi). Seus equivalentes em português – quatro e sete, ou em inglês – four e seven – são mais longos: pronunciá-los leva em torno de um terço de segundo. A diferença de memória entre falantes de línguas ocidentais e de chinês deve-se, aparentemente, a essa distinção de tamanho, existe uma correlação reproduzível entre o tempo necessário para pronunciar os números e a amplitude de memória dos falantes.
Existe também uma grande diferença em como os sistemas de nomeação de números ocidentais e asiáticos são estruturados. No nosso sistema dizemos dezasseis, dezassete, dezoito e dezanove. Seria de esperar, portanto que disséssemos dezeum, dezedois, dezetreis, etc… Mas não fazemos isso, usamos uma forma distinta: onze, doze, treze, etc. Na maioria dos números a dezena vem primeiro a e a unidade depois: dez(e)sete, vinte e sete, trinta e sete, porém os números de onze a quinze não seguem essa lógica. Não é estranho? Isso não acontece na China, no Japão e na Coreia. Eles dispõem de um sistema de contagem lógico: onze é dez-um (shí-yi em chinês); doze é dez-dois (shí-èr); vinte e quatro é dois dez quatro (èr-shí-sì), e assim por diante. Essa diferença proporciona as crianças asiáticas duas vantagens. A primeira é que aprendem a contar com muito mais rapidez. As crianças asiáticas de quatro anos sabem contar, em média, até 40, enquanto as crianças ocidentais nessa idade contam apenas até 15 e só chegam ao 40 aos 5 anos. Ou seja, as crianças ocidentais de cinco anos já estão um ano atrás das asiáticas na habilidade matemática mais elementar.
Segundo, a regularidade do seu sistema numérico também permite às crianças asiáticas realizar funções básicas, como a soma, com mais facilidade. Peça a uma criança ocidental de sete anos que some, de cabeça, trinta e sete mais vinte e dois. Ela terá que converter as palavras em números (37+22), para depois cuidar da matemática: 2+7 = 9 e 30+20 = 50, o que perfaz 59. Peça a uma criança asiática que some três-dez-sete e dois-dez-dois. A equação necessária está implícita na frase. Não é preciso converter nada: cinco-dez-nove (wu-shi-jiu em chinês).
As diferenças entre os sistemas numéricos no Oriente e no Ocidente sugerem que dominar a matemática pode também ser algo enraizado na cultura de um grupo. No caso dos Coreanos um legado cultural revelou-se um obstáculo à tarefa moderna de pilotar um avião. Os legados culturais importam, não podemos deixar de nos perguntar quantas outras heranças culturais interferem nas tarefas intelectuais da actualidade.
Lições aprendidas
Este foi mais um resumo de livro aqui no "Edu Mucaji the PBS. Então eu peço que você deixe aqui um comentário sobre o que achou e partilhe com outras pessoas.
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